''A curva de casos começou a subir há 3 semanas; com isso, é provável que os números de mortes também subam'', diz um sanitarista da Fiocruz
Mesmo já tendo se passado 9 meses desde o início da pandemia da Covid-19, o estado do Rio de Janeiro, um dos mais afetados em todo o país durante esse período, segue sofrendo com a doença, com a situação, inclusive, estando num nível muito preocupante, com hospitais lotados e ainda diversos outros pacientes infectados pelo Coronavírus aguardando leitos.
Em entrevista à ”BBC”, alguns especialistas comentaram a situação. Para o infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que o principal fator para a retomada da gravidade da situação é a flexibilização das medidas restritivas.
”O Rio de Janeiro nunca teve controle completo da transmissão do vírus. O estado foi flexibilizando as medidas de isolamento social quando os casos ainda estavam em alta. As pessoas voltaram a se reunir, fazer encontros, os bares voltaram a ficar lotados e houve muitos eventos com aglomeração”, diz Chebabo.
Segundo a plataforma MonitoraCovid-19, criada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o RJ é o estado com a maior taxa de mortes por Covid-19 no país, sendo 135,5 mortes a cada 100 mil habitantes. E a tendência é que, enquanto a vacina não começar a ser utilizada, a situação só piore, uma vez que o isolamento social no RJ diminuiu consideravelmente nos últimos meses.
”Se considerarmos que a curva de casos começou a subir há 3 semanas, é provável que os números de mortes, que estão estáveis, também subam. Muitas pessoas que contraem a doença e apresentam quadro grave acabam morrendo ao longo das semanas”, explica o sanitarista Christovam Barcellos, da Fiocruz.
Dados apurados por meio dos celulares da região, levantamento feito pelo pelo Grupo de Trabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento do Coronavírus, da UFRJ, apontam que o índice de mobilidade nas cidades do Rio de Janeiro chegou a 40% no início da pandemia. Porém, o número subiu cada vez mais nos últimos meses, com a flexibilização da quarentena. Hoje, a taxa é por volta de 60% a 70%.
Uma prova do aumento da população nas ruas Rio de Janeiro é a circulação de pessoas. Um levantamento elaborado pelo Grupo de Trabalho Multidisciplinar para o Enfrentamento do Coronavírus, pertencente à UFRJ, mostra que o índice de mobilidade nos municípios do Rio de Janeiro chegou a 40% no início da pandemia. Hoje, porém, a taxa fica entre 60% e 70%.
Diário do Rio
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