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Defesa Civil entrega alimentos e água a moradores ilhados em Lagoa de Cima

Foto Isaias Fernandes
Continua interditada, devido ao transbordamento das águas, a estrada de Lagoa de Cima. As fortes chuvas que atingiram o município nas últimas semanas inundaram também os pastos próximos à lagoa, fazendo com que a água concentrada na área atingisse a via de acesso à localidade. Para esta quinta (28) e sexta-feira (29), estão previstos, para a região do Imbé, 25 mm e 39 mm de chuva, respectivamente. A Defesa Civil realiza trabalho de abastecimento às famílias atingidas e de monitoramento da área. A ação conta com apoio da equipe de Operações Subaquáticas do Corpo de Bombeiros.

Uma das famílias atendidas pelo órgão, na manhã desta quarta-feira (27), foi a do autônomo Carlos André e Silva Gomes, de 37 anos. Nascido e criado na localidade e morador de Cajueiro, ele foi o primeiro a receber fardos de água e cesta básica. O trabalhador relatou as dificuldades pelas quais têm passado os moradores da região.

— Está difícil porque não tem caminho e tem muita gente ilhada. Mas não tem jeito. A gente passa todos os anos por isso. E dizem que tem umas comportas lá embaixo, que fecham, mas parece que abriram. De anteontem para cá, a água está baixando bem, graças a Deus — relatou Carlos André, ressaltando que o transbordamento começou na semana passada e logo interditou a pista.

Diante do fechamento da via, para transitar pela região, os moradores usam um caminho alternativo ou barcos e canoas. Foi por meio do transporte fluvial que parte das cestas básicas e os fardos de água, enviados pela secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social, chegou às famílias ilhadas na região. Para conseguir distribuí-los, a Defesa Civil contou com a ajuda de Carlos André, que utilizou uma canoa na travessia dos mantimentos até as casas atingidas pelas águas em Cajueiro. “Não tem como passar pelo pasto. Eu tentei mais cedo, mas a água bate no peito”, informou o morador à equipe do órgão pouco antes de atravessar na embarcação.

Nesta quarta, foram distribuídas 23 cestas básicas e 43 fardos de água mineral. Para cada família, foram entregues uma cesta e dois fardos. Além dos moradores de Cajueiro, a Defesa Civil fez a distribuição, definida mediante cadastramento, em outros pontos de Lagoa de Cima, como Conceição da Barra, onde foi possível chegar apenas com auxílio de barco do Corpo de Bombeiros. As aulas de todas as unidades escolas da região foram suspensas e o serviço médico, de acordo com moradores, não foi interrompido.

Família desabrigada — Marília da Silva, de 36 anos, tem passado os dias com os três filhos, de 5, 10, e 14 anos, em uma creche-escola usada como abrigo. A casa da mulher, perto do Bar da Cintra, foi uma das atingidas pelas chuvas. Moradora da área há 16 anos, ela foi encaminhada à unidade escolar no último sábado (23) e não tem previsão para retornar à residência:

— Isso já é comum. Todo ano, a lagoa vem. Não vem como veio este ano, mas sempre entra na minha casa. A água está baixando, mas muito pouco. Se estivesse mais rápido, acho que, daqui a uns 15 dias, até dava para voltar (para casa), mas não sei.

Marília foi uma das que recebeu a entrega realizada pela Defesa Civil. Ela relatou que fez um cadastramento na última segunda-feira (25). Segundo a moradora, uma equipe da Prefeitura esteve no local, coletaram os dados dela e dos filhos e verificaram a situação da residência em que os quatro vivem.

— É complicado, mas a gente não tem por que reclamar porque não perdeu a vida. Graças a Deus, está todo mundo com saúde. A lagoa está apenas pegando o que é dela. A gente faz casa na beira da lagoa, mas sabe que, um dia, ela vai querer pegar de volta — afirmou.
Travessia de barco — Após as entregas de alimentos e água por meio de transporte terrestre, a equipe da Defesa Civil, junto à equipe de Operação Subaquáticas do Corpo de Bombeiros, realizou a travessia para Conceição da Barra, de onde saiu, por volta das 11h40, a merendeira Jaqueline Pereira Damasceno, de 28 anos. Acompanhada pelo marido, que guiava uma pequena embarcação, ela atravessou as águas para levar a filha, de 10 anos, ao local em que estava transporte escolar, ao qual chegou às 12h20. A criança estuda em Ururaí.

Ela contou que, na sexta-feira (22), a passagem de carros ficou impossibilitada pelas águas.

— No dia 22, ainda cedo, quando fui à unidade em que trabalho, ainda estava dando para ir (de carro). A gente recebeu a orientação para andar muito rápido porque estava subindo. À tarde, umas 17h, nós teríamos que ir a Campos, mas corria o risco de não passar. Quando fomos, tivemos certeza de que não daria para voltar porque a água chegou ao capô do carro. Em 2008, foi a pior enchente que houve nas redondezas. Já em 2009, teve pouca água, e, às vezes, até enche, mas não assim — detalhou.

Jaqueline comentou que muitos moradores não conseguem se deslocar até o local de trabalho e outros saíram de suas casas para ficar na área central de Campos. “A rotina está muito complicada. Eu não estou tendo nem a possibilidade de trabalhar. Para fazer compra ou coisa assim, a gente tem que sair de barco e ir até onde o ônibus passa. Eu tenho que ir para o ponto de um lugar chamado Margarida, que fica de 15 a 25 minutos da minha casa. E só pode ir de barco porque não tem possibilidade de transporte de outra forma que não seja aquático”, disse.

Aulas suspensas - Moradores que foram atendidos nesta quarta também contaram que as aulas foram suspensas em todas as unidades escolares e que o posto de saúde funciona em horário reduzido. Em nota, a prefeitura explicou que "algumas creches e escolas da rede municipal precisaram ter aulas suspensas, como as localizadas em Lagoa de Cima, Imbé e Morangaba, por impossibilidade de acesso ao local ou por estarem servindo de abrigo para famílias desalojadas", como a E.M. Ponta da Palha e a Creche Profª. Ângela Maria do Amaral Carvalho, em Lagoa de Cima; E.M. Antônio Joaquim Codeço, na estrada de Lagoa de Cima, e a Creche Ururaí".

"A Creche Professora Ângela Maria do Amaral Carvalho está sendo utilizada para abrigar uma família que teve sua casa atingida nos últimos dias pelas fortes chuvas na região de Lagoa de Cima. Foi criada uma equipe de Emergência para atender as principais demandas das escolas prejudicadas pelas chuvas e a secretaria de Educação continua realizando os serviços essenciais e reparos emergenciais nas unidades afetadas", informa a nota.

— Nossa equipe está há dias nas unidades fazendo os reparos necessários, remanejamento de salas, para que nossos alunos não sejam prejudicados. Entretanto, diante da impossibilidade de acesso a algumas unidades e da necessidade de abrigar famílias desalojadas pela chuva, as aulas precisaram ser suspensas nesses locais. As aulas serão normalizadas e o conteúdo reposto assim que possível — declarou o secretário de Educação, Brand Arenari.

Em Lagoa de Cima e na região do Imbé, mais de 400 pessoas já foram assistidas, desde o último sábado (23), com socorro utilizando dois helicópteros, cedidos pelo Corpo de Bombeiros e Polícia Civil, fazendo a entrega de água e alimentos. Ações de atendimento às famílias de localidades próximas a Lagoa de Cima continuam acontecendo com o apoio do Corpo de Bombeiros.




Folha 1

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