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Avião com Huck e Angélica que fez pouso forçado em 2015 tinha peça invertida: 'O motor morreu no ar'

Polícia deve intimar novamente o piloto e realizar uma reprodução simulada dos fatos, utilizando aeronave semelhante.

A investigação criminal sobre o pouso forçado do avião com o casal de apresentadores Luciano Huck e Angélica em Mato Grosso do Sul apontou que uma peça importante do avião, o capacitor, foi instalado de forma invertida e fez o "motor morrer no ar". A aeronave também levava os filhos do casal, babás e tripulação.

A Polícia Civil deve intimar novamente o piloto Osmar Frattini, que pilotava a aeronave. Além de depoimento, a polícia pretende realizar a reprodução simulada dos fatos, utilizando uma aeronave semelhante.

"Quando falamos em Polícia Civil, existe um inquérito que precisa explicar realmente o que aconteceu. Temos uma peça, que é o capacitor de combustível, que foi instalado invertido, de forma errônea, o que já caracteriza falha na manutenção e com isso já temos o nexo causal", explicou ao G1 a delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelas investigações.

"A mesma oficina homologada onde foi feita a manutenção desta aeronave, inclusive, já trabalhava com peças usadas. E, na ocasião, o trabalho foi feito pelo mecânico e ainda passou pelo inspetor, que revisou tudo e assinou embaixo", completou a delegada.

Segundo Medina, quando a Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco) assumiu o inquérito, o motor e outras peças da aeronave já tinham sido comercializadas.

"Nós ainda não concluímos porque precisam ser feitas dinâmicas de voo conciliadas com a perícia criminal e o que foi coletado. O piloto deve nos explicar, no cenário, como houve a inversão da peça. Eles constatam a quantidade de combustível e também fazem uma inspeção externa visual, onde verificam o painel internamente, ligam a bateria e lá conferem o nível de combustível, entre outras questões", explicou.

Conforme a polícia, estes procedimentos são do piloto, não é algo que verificam em manual. "Ele faz o acionamento da bateria, que vai ligar o sistema e dar a indicação do nível de combustível. Na ocasião, ele teria visto que estava meio tanque e colocou o restante para encher, só que a leitura estava errada por conta do capacitor invertido, indicando meio, porém, estava zero. Esse conceito errado fez com que houvesse falha no motor", ressaltou.

O perito criminal Sávio Ribas, único do país especializado em fator material (segurança de voo), também reforça a tese. "O piloto achou que não tinha combustível na asa esquerda e mandou para lá. O motor então morreu no ar. A tese é que é possível voar apenas com um motor e é justamente isso que foi alegado pelo dono da empresa. No entanto, nós sabemos que teve essa questão do capacitor", argumentou.
Relatório da Cenipa aponta problemas mecânicos em aeronave que fez pouso
forçado em MS - Foto: Cenipa/Divulgação
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também levantou hipóteses para o acidente. As informações, no entanto, não podem ser usadas nas esferas administrativas, processuais e penais.

No teor do relatório está o interrogatório com os pilotos e demais funcionários, onde foi apontado que Osmar não teria reagido a alguns procedimentos de emergência, bem como foi informado que, no local de pouso, não tinha cheiro de combustível e a causa do acidente foi pane seca.

O piloto Osmar Frattini disse que ainda não foi informado da reprodução simulada. "A empresa fechou, mas a oficina deles continua aberta e eu nem sei se está regular. Eu estou atuando como piloto, porém, em outra área, com empresário e pecuaristas muito sensatos, que não questionam qualquer valor de manutenção. Se eu for chamado, apenas vou reiterar todas as minhas declarações, falando da manutenção. A Medina está fazendo um excelente trabalho, apreendeu o avião e descobriu a inversão da peça. Eu estou disponível para o que a polícia precisar", afirmou.
Resgate em avião com Angélica, Luciano Huck, crianças, babás, piloto e copiloto que fez pouso forçado em MS Foto: Alysson Maruyama/TV Morena
Relembre o caso

A aeronave de pequeno porte fez um pouso forçado no dia 24 de maio de 2015, na área de uma fazenda a cerca de 30 km de Campo Grande. No bimotor Embraer, modelo 820 C, matrícula PT-ENM, estava o casal de apresentadores Angélica e Luciano Huck, acompanhado dos três filhos e de duas babás, Marcileia Eunice Garcia e Francisca Clarice Canelo Mesquita. A tripulação era composta por um piloto, Osmar Frattini e um copiloto, José Flávio de Sousa Zanatto.

Na ocasião, a assessoria da Santa Casa de Campo Grande informou que Angélica tinha sofrido escoriações. Os demais também fizeram exames e estavam bem. De acordo com o Corpo de Bombeiros e com a Aeronáutica, o pouso forçado ocorreu em uma propriedade nas imediações da rodovia MS-080, na saída para a cidade de Rochedo.

A aeronave tinha decolado de Estância Caimam, em Miranda, perto de Bonito, e seguia para Campo Grande. Perto da aproximação para o pouso, às 10h52, o piloto avisou à Torre de Controle em Campo Grande que estava em situação de emergência e que faria pouso forçado.

O avião estava com a documentação regular, segundo registros disponibilizados no site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A inspeção anual de manutenção tinha validade até 12 de junho de 2015.





G1

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