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Isolamento reduziu taxa de transmissão do coronavírus no Brasil pela metade, diz estudo

O isolamento social, adotado no Brasil desde março, conseguiu reduzir pela metade a taxa de transmissão do coronavírus, de três para 1,6 contaminados, segundo estudo liderado por pesquisadores brasileiros e coordenado pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde). Ou seja, se não fossem adotadas quarentenas e outras medidas de distanciamento social, cada pessoa infectada continuaria a contaminar mais três.

O estudo, publicado na edição da revista Science de 23 de julho, foi detalhado pelo jornal da USP, que entrevistou os principais cientistas envolvidos no trabalho. De acordo com as informações, a pesquisa teve como base análises genéticas feitas a partir do primeiro sentenciamento genético do

coronavírus no Brasil, concluído em fevereiro passado. Também foram analisados dados epidemiológicos e de mobilidade dos brasileiros.

Os cientistas identificaram mais de 100 entradas do vírus no país, mas apenas três delas iniciaram a cadeia de transmissão. A maioria das pessoas que trouxeram o coronavírus para o Brasil desembarcou nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte, onde ficam os aeroportos com mais vôos internacionais.

No total foram identificados 18 subtipos (linhagens) diferentes do vírus em amostras coletadas de março até o fim de abril. No entanto, 76% dos vírus que se dispersaram a partir de março pertenciam a apenas três linhagens, chamadas de “clados”. No total foram coletadas amostras do coronavírus em 85 municípios de 21 estados brasileiros, resultando no sequenciamento de 427 genomas do vírus SARS-CoV-2.

O pesquisador Darlan Cândido, da Universidade de Oxford, primeiro autor do estudo, explica que o trabalho permite reconstruir – e acompanhar – a história da epidemia no país

A análise permite fazer isso tanto no tempo quanto no espaço, ou seja, quando o vírus chegou e onde se espalhou – afirmou o cientista ao jornal da USP.

O pesquisador William Marciel de Souza, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), um dos autores do artigo, afirmou que foi possível verificar o impacto das medidas de intervenção não farmacêutica, como isolamento e distanciamento social, com fechamento de escolas, comércio e redução da mobilidade no controle da epidemia no país.

Das três linhagens que se disseminaram no Brasil, duas entraram pela região Sudeste. Uma delas predomina em São Paulo a outra se espalhou pelo país inteiro, segundo a pesquisadora Ingra Morales Claro, pesquisadora do IMT e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), outra integrante do grupo. A terceira linhagem entrou e se disseminou pelo Ceará.

O vírus do primeiro sequenciamento, por exemplo, não foi responsável pela epidemia, ou seja, a transmissão não aconteceu a partir do primeiro caso descrito — disse Ester ao jornal da USP.

Os cientistas descobriram que o espalhamento do vírus ocorreu antes das medidas que começaram a reduzir a mobilidade dentro do país. Segundo Ester, isso significa que a ausência das restrições de movimentação e aglomerações pode ter facilitado a transmissão.

A professora Ester explica que, no início da pandemia no Brasil, cada pessoa infectada transmitiu o vírus para mais três, uma quantidade de contaminados superior à média registrada na Europa no auge da epidemia. Embora a taxa tenha sido reduzida, ela afirma que o cenário ideal seria que a taxa fosse reduzida para menos de 1. Com o cenário atual, a epidemia permanece crônica, avalia.

A maior parte das amostras analisadas na pesquisa é do estado de São Paulo, o local com maior número de casos de Covid-19 no Brasil até o momento, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Ceará.





Fonte: O GLOBO

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