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Motoristas de vans barram ônibus para a Baixada em protesto de mais de 10 horas

A manifestação de permissionários contra o novo sistema de transporte público de Campos, que iniciou nas primeiras horas do dia em três pontos da cidade, continuou nesta tarde no cruzamento entre as avenidas 28 de Março e Nossa Senhora do Carmo, próximo ao trevo do bairro Penha. Cerca de 200 manifestantes bloquearam a saída de 16 ônibus, das empresas São João, São Salvador e Siqueira, que faziam linhas para a Baixada Campista. Após 10 horas de manifestação, os coletivos foram liberados por meio de força policial. O grupo permanece no local e aguarda o resultado de uma reunião que acontece entre representantes dos permissionários e o presidente do Instituto de Trânsito e Transporte (IMTT), Felipe Quitanilha, na Prefeitura. Na falta de acordo com o governo, o grupo ameaça fazer novas manifestações.
Foto: Genilson Pessanha
Segundo o motorista de van, Ricardo Cardoso da Silva, de 55 anos, que faz a linha São Sebastião, a implementação do novo sistema apresenta falhas e diversos trabalhadores estão desempregados por cerca de 60 dias. "Não somos contra o projeto, o que não está de acordo é a sua implementação. O presidente do IMTT homologou o novo sistema no dia 12 de julho e a partir de então não podemos mais rodar. Com isso, vários trabalhadores ficaram sem trabalhar e sem terem condições de arcar com prestações de seus carros. O combinado no edital era de que os ônibus dariam um suporte as vans nos horários de pico, mas, eles ficaram integralmente. A tarifa pulou de repente de R$ 5,50 ida e vinda para R$ 8,25 porque após o Terminal A, a população paga outra passagem se quiser ir para seu destino na Baixada. Estes ônibus estão rodando com até 2014 pago, sem estarem com documentação em dia, mas se é com a gente somos multados e temos os veículos apreendidos", disse.

No local esteve presente o vereador Cabo Alonsimar que demonstrou apoio aos manifestantes. "O projeto que foi votado na Câmara pelos 25 vereadores não está sendo implantado. A gente falava em integração, mas isso não vem ocorrendo. Momento algum foi falado que os permissionários de vans iriam ficar sem trabalhar mais de 30 dias e da noite para o dia, o Quitanilha proibiu as vans de circularem. Hoje, já tem setor, como é o caso do setor T, que já está pronta para circular e não tem o Terminal pronto. Então, os permissionários cumpriram o seu papel, mas quem não cumpriu foi a prefeitura. Esse caos nós vereadores de oposição já vínhamos debatendo na tribuna", disse.

Por volta das 17h, os ônibus foram liberados pela Guarda Civil Municipal e o IMTT a retornarem para a garagem de suas respectivas empresas. O manifestante Jhonatan Santana de Alvarenga relatou que a Polícia Militar utilizou de força lançando spray de pimenta contra os trabalhadores para que houvesse o desbloqueio da via. O grupo continua no local até que seja deliberado o resultado da reunião com o presidente do IMTT.

A manifestação contou com o apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Segundo o comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Luiz Henrique Monteiro, a Polícia Militar precisou utilizar de meios necessários após negociações exaustivas com os manifestantes. “Foi passado para os manifestantes que toda manifestação pacífica é legal desde que não interfira no direito das demais pessoas. O que aconteceu foi que eles acautelaram diversos ônibus. Estava aproximando o horário de rush e era preciso abastecer a população para que pudesse retornar às suas casas após uma jornada de trabalho e eles insistentemente não liberaram. Então, a Polícia Militar os advertiu e como não obedeceram tivemos que utilizar dos meios necessários. No entanto, não houve excesso, a operação foi toda gravada e tenho certeza de que a Polícia Militar agiu dentro de uma conduta profissional”, declarou.

Na manhã desta sexta-feira (30), o trânsito foi interditado em três pontos da cidade. De acordo com informações da Arteris Fluminense, concessionária que administra a BR 101, os manifestantes interditaram totalmente dois pontos da rodovia: o km 51, na altura do distrito de Travessão, e o km 67, no trevo próximo ao Shopping Estrada.

O grupo ateou fogo em galhos e pneus para bloquear os trechos da BR 101. Por volta das 8h20, a Arteris informou que equipes já trabalhavam na limpeza da pista no trevo do índio, liberando o tráfego em seguida. Pouco depois das 09h30, no KM 51 da Rodovia, os Bombeiros apagaram o fogo e a pista foi liberada. No local, os manifestantes esvaziaram pneus de três ônibus que circulavam na região. Os coletivos faziam as linhas Travessão, Paraíso e Vila Nova. Enquanto isso ocorria a manifestação no trevo da Penha, próximo ao terminal setor A. Ao meio-dia, o grupo já contava com um trio elétrico e reivindicam que a Rodoviária Roberto Silveira passe a ser um terminal de integração.

Agentes do IMTT informaram que com a paralisação das vans, os ônibus estão fazendo as linhas, com saída da rodoviária e se a paralisação for mantida, será necessário aumentar a frota de ônibus para atender as regiões mais distantes da área central.

A Prefeitura de Campos se manifestou por meio de nota:

"O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informa que as retenções em rodovias na manhã desta sexta-feira (30) por algumas pessoas foi efetivamente orquestrada para tentar impedir o funcionamento do novo sistema de transporte. O órgão afirma que os interesses de uma minoria impulsionada por interesses pessoais, financeiros e políticos em impedir a quebra de um sistema que beneficiava poucos em detrimento da qualidade do serviço reforça a importância dos esforços em organizar o sistema de transporte da cidade, uma demanda da população há décadas. Além das motivações individuais, financeiras e políticas, as mesmas têm por fim o interesse no retorno do estado de caos anterior na cidade. Faz-se necessário ainda deixar claro para a população que não serão interesses isolados a impedir as melhorias já vistas no trânsito e no ordenamento dos prestadores do serviço de transporte".




Fonte: Folha 1

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