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Três pessoas morrem em desabamento de prédios na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio

Nove pessoas foram resgatadas com ferimentos. Bombeiros vasculham local para tentar localizar outras possíveis vítimas; parentes e moradores citaram desaparecidos.
Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Dois prédios desabaram na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira (12). Ao menos três pessoas morreram e nove ficaram feridas. Bombeiros vasculham os escombros para tentar localizar outras vítimas. Parentes e moradores dizem que há desaparecidos.

Os imóveis tinham entre quatro e seis andares. A Prefeitura do Rio informou que as construções são irregulares e já haviam sido interditadas, mas uma liminar de 2018 impediu que fossem demolidas.

Resumo

Dois prédios desabaram em área perto de mata em Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio; as causas ainda são investigadas

3 mortos: dois homens e uma criança
9 pessoas feridas

Desaparecidos estão sendo procurados, mas não há balanço atualizado do número de pessoas

A Prefeitura do Rio informou que construções são irregulares e já chegaram a ser interditadas, mas liminar impediu demolição

A comunidade da Muzema é controlada por milicianos
A região foi muito afetada pelo temporal do início desta semana

Resgates emocionantes

Das oito pessoas resgatadas com vida, ao menos duas foram levadas de helicóptero ao hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram de fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar (veja no vídeo abaixo).

O helicóptero ficou pouco mais de um minuto acima de um prédio, mas sem encostar na laje, que não suportaria o peso. Rapidamente, o ferido foi colocado dentro da aeronave.

As vítimas foram levadas aos hospitais municipais Lourenço Couto e Miguel Couto e para o hospital particular Unimed-Rio. Entre os resgatados dos escombros, está uma família que se mudou há uma semana para o local: um casal e uma filha de 10 anos.

Mortos (nome e idade estão sendo atualizados):

Cláudio Rodrigues, de 40 anos
Homem ainda não identificado
Criança ainda não identificada

Feridos:

Adilma Rodrigues, de 35 anos, teve ferimento na barriga, passou por cirurgia e está em estado grave. Clara Rodrigues, de 10 anos, teve fratura na perna e machucado na cabeça; levada a um hospital particular, teve alta. Raimundo Nonato Ferreira Gomes, de 41 anos, teve escoriações na cabeça e queixo. Luciano Paulo dos Santos, de 38 anos, teve escoriações múltiplas. Evaldo Vieira Silva, de 46 anos, está internado, mas o estado de saúde não foi informado. Carolina Ferreira Andrade, de 34 anos, foi levada para o Miguel Couto. Mulher identificada como Paloma. Pedro Lucas, criança com idade ainda não confirmada e que é filho de Paloma.

Ferido identificado como Arlan, marido de Carolina, está internado no Hospital Municipal Miguel Couto.

Uma menina de 4 anos que morava no terceiro andar de um dos prédios saiu do local apenas com ferimentos leves. Os pais e os irmãos dela continuam desaparecidos.

"Tentamos acalmar, ela chegou aqui tremendo, em estado de choque, muito abalada. Ela só falou que alguma coisa desceu e ela escorregou na terra", disse uma vizinha que acolheu a criança.

O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta. Não chovia no momento, mas a região sofreu com os temporais desta semana. As avenidas de acesso ainda estão alagadas.

A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás nas imediações.

Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias.

Reportagem do RJ2 mostrou que criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares.

Veja mapas que mostram a expansão de imóveis na região da Muzema
Entenda onde fica a comunidade em que prédios desabaram na Zona Oeste do Rio

Moradores dos prédios que desabaram disseram que eles foram inaugurados há seis meses. O prefeito Marcelo Crivella, que foi para o local do acidente, afirmou que as obras no local continuaram mesmo após a interdição, em 2018.

"A Prefeitura do Rio já havia comunicado ao Ministério Público e tentado interditar, mas, infelizmente, uma liminar judicial impediu a demolição desses prédios, e as obras continuaram", disse Crivella.

"Estamos aqui com a nossa equipe trabalhando para tentar resgatar as pessoas dos escombros. Fica para todos nós uma lição: quando a Prefeitura alertar sobre esses riscos, vamos dar ouvidos para que isso não aconteça nunca mais."
Foto: Reprodução/ TV Globo
Relatos de moradores e vizinhos

Uma mulher, que se identificou como Érica, contou que tentava encontrar a mãe nos escombros. O padrasto conseguiu sair prédio.

“Meu padrasto está vindo pra cá, mas a minha mãe está gritando ali. Os moradores que estão ajudando foram até ali e ouviram uma senhora gritar exatamente no quarto dela”, disse a moradora.

De acordo com ela, os moradores estavam preocupados com as consequências da chuva e o andamento das construções.

"Eles construindo sem fim, sem parar. Uma construção atrás da outra, uma loucura. Era retroescavadeira, explosões constantes. Só querem construir e vender", afirmou ela.

Moradora relata ouvir gritos nos escombros do desabamento na Muzema

Edvaldo, morador do primeiro andar do prédio, disse que teve que correr para conseguir escapar. Ele tem escoriações na perna.

“Eu estava no quarto, aí corri para a sala. Quando eu cheguei lá, desmoronou tudo em cima de mim. Foi muito rápido. Passou um pó branco, muita poeira”, destacou Edvaldo.
Outro morador, chamado Ronaldo, contou que as construções são novas. “De repente foi um estrondo, foi tudo de uma vez. Do nada começou a desmoronar”, explicou.

'Foi tudo muito rápido', conta morador de um dos prédios que desabou na Muzema

Chuvas

A Muzema foi uma das áreas mais atingidas pelo temporal que caiu no Rio. A cidade está em estágio de crise desde segunda-feira (8). O desabamento aconteceu em uma das áreas mais elevadas da comunidade, perto da mata.

Na manhã de quinta-feira (11), a principal avenida de ligação do bairro, que também dá acesso ao Rio das Pedras, continuava alagada e interditada.


G1

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