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O drama do rio Limia


Por Arthur Soffiati

A agricultura e a pecuária requerem terra. O rio Limia, chamado de Lima em Portugal, teve a sorte de muitos rios do mundo, com obras de drenagem e canalização em sua bacia. Grandes áreas úmidas tornaram-se áreas secas, afetando o lençol freático, que se tornou mais profundo. Não sem razão, o Limia desaparece pelo menos três meses por ano em Xinzo. Na verdade, é um canal aberto em sua bacia. As mudanças climáticas agravam as condições da água, já bastante alteradas pela ação humana na superfície da Terra. Ou chove muito pouco ou chove em demasia. Durante as secas, o fluxo de água desaparece, mas o leito ainda permanece úmido. Insolação, resíduos químicos e orgânicos estimulam o crescimento das plantas. Barragens também foram construídas no rio. Elas alteram completamente o regime hídrico e os hábitos da vida selvagem aquática.

Rios da Galícia
Trecho do rio Limia com baixa vazão

Em várias partes do mundo, a economia de mercado tenta domar os rios, canalizando seus cursos, erguendo represas para controlar as oscilações de nível, reduzindo seu volume, poluindo suas águas e empobrecendo sua diversidade. O rio Limia não escapou deste destino. O regime do ditador Franco promoveu a drenagem da bacia. Tudo faz parte de uma concepção da natureza segundo a qual ela deve ser dominada e colocada a serviço do ser humano. A drenagem excessiva favorece a perda da fertilidade do solo. Para compensar essa perda, são usados fertilizantes químicos que causam eutrofização ou fertilização química. Para completar, a atividade de mineração causa buracos marginais e poluição. Um rio modificado dessa forma não conserva água durante as secas e transborda com chuvas leves, pois as florestas marginais, que atuam como esponjas reguladoras, foram removidas. As poucas florestas remanescentes permanecem excessivamente secas e são suscetíveis ao fogo. 

Baixa vazão do rio Limia

Enormes lagoas foram drenadas, rios foram canalizados, o que era considerado excesso de água foi despejado no mar, florestas foram derrubadas para dar lugar à agricultura e à pecuária. O rio principal sofreu várias barragens. Hoje, durante o outono/ inverno, a água é reduzida a níveis e volumes mínimos. Durante a primavera/verão, as chuvas torrenciais causam transbordamentos. Para as secas, principalmente, os agricultores exigem mais recursos financeiros dos governos. Um novo conceito começa a se formar e se impor: o de restaurar rios, o que implica em devolver seus meandros, repovoar suas margens e nascentes, retirar represas, eliminar espécies de peixes exóticas e repovoá-los com espécies nativas. Por fim, restaurar a saúde dos rios, o que é muito importante para a saúde humana.

Aspecto do rio Limia
Abraço de proteção ao rio Limia


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