News

6/recent/ticker-posts

Filhos vão à Justiça para saber se o corpo que sepultaram era do pai, vítima de Covid

 

João Manoel com os filhos / Divulgação

Em Campos, filhos vão à Justiça para saber se o corpo que sepultaram era do pai, vítima da Covid-19. O caso de João Manoel Barcelos, 70 anos, dado como morto e enterrado no dia 20 de setembro, virou assunto nas redes sociais nesta segunda-feira (28) com a declaração em vídeo de um dos seus filhos sobre a falta de certeza se o pai está vivo ou morto, devido a informações desencontradas do CCCC do Hospital Beneficência Portuguesa e não realização de reconhecimento do corpo. A Justiça deu 48 horas, a contar da entrega do mandado expedido pelo juiz Ralph Manhães, para a Beneficência Portuguesa entregar as imagens do sistema de monitoramento do dia da morte do paciente, os laudos clínicos diários e o depoimento do médico responsável pela assinatura do atestado de óbito.


No dia 19 de setembro, os filhos de João Manoel receberam uma ligação do hospital e tiveram a notícia da morte do pai, na hora do almoço. Segundo os familiares, logo entraram em contato com a instituição e fizeram um pedido para que um dos filhos, Jonellis Barcelos, fosse realizar o reconhecimento do corpo para a realização dos ritos fúnebres. Jonellis conta que o hospital não permitiu o reconhecimento, com base em protocolo estabelecido para os casos de Covid-19, que não permite que familiares tenham contato com o corpo das vítimas.


Mesmo relutantes, acatamos e acionamos a funerária para preparar o velório e o sepultamento do meu pai, ocorrido na manhã do dia seguinte — contou.


No entanto, por volta das 19h do dia 20 de setembro, a Janaína Barcelos, filha do paciente, recebeu uma ligação do hospital explicando o quadro clínico do seu pai, um dia após ele ter morrido. A incerteza se espalhou entre os filhos, deu origem aos questionamentos sobre a real condição do pai — que apresentava um quadro de Alzheimer — e se haviam, de fato, enterrado a pessoa certa.


Ainda de acordo com os filhos, após o telefonema, eles foram até o hospital e foram liberados para entrar na instalação do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC) — usando os equipamentos de proteção individual (EPIs) — para confirmar se João Manoel estava ou não internado lá, mas não o encontraram.


O advogado da família, Alexander da Mata, explicou que foi procurado pelos filhos do João Manoel e optou por abrir três processos distintos por danos morais e apuração do real destino do paciente, que deu entrada no CCC no dia 23 de agosto.


Caso as respostas não sejam esclarecidas com o fornecimento do material solicitado judicialmente e com a sindicância e apuração da Beneficência Portuguesa, a única alternativa será a exumação do jazigo, numa fase posterior, até por questões sanitárias, já que o cadáver está em estágio inicial de decomposição — pontuou Alexander.


Em nota, o hospital afirmou que já está ciente da decisão e abriu uma sindicância para apurar o ocorrido e prestar todos os esclarecimentos para a família do paciente e para a sociedade.


O filho de João, o pastor Jonellis Barcelos, responsável pelo vídeo que viralizou, afirmou que a ação não tem conotação política. “Estamos deixando bem claro que não temos nenhuma conotação política, até por isso a Prefeitura não foi alvo de nenhuma ação judicial, é uma questão familiar. Eu e minha irmãs, os três filhos do João Manoel Barcelos, estamos buscando o direito de saber se enterramos ou não nosso pai, se ele está vivo ou morto. Estamos seguindo nossos costumes religiosos e queremos ter certeza que velamos e enterramos nosso pai”.







Fonte: Folha 1

Postar um comentário

0 Comentários