Uma forma de identificar a progressão de uma anormalidade para o câncer, antes desta doença surgir no paciente, é o objetivo de uma pesquisa científica que está sendo realizada na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em Campos.
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— Se conseguirmos confirmar o objetivo desta pesquisa, estaremos diante da possibilidade de cirurgias ginecológicas com indicações mais precisas. Neste cenário, evitaríamos cirurgias desnecessárias e passaríamos a realizá-las somente naqueles casos em que o procedimento cirúrgico mostra-se realmente indispensável. As indicações para diversas cirurgias passariam a ser mais precisas — afirmou Abdalla.
A análise se realiza quando surgem alterações, como do endométrio, que causam hemorragias uterinas, ou do colo uterino, induzidas pelo HPV.
— A técnica permitirá verificar a presença de moléculas que, quando alteradas ou dispostas de uma determinada forma na célula, indicam uma maior possibilidade de evolução para o câncer. Identificando isso você consegue tratar antes da doença aparecer. É uma análise sob o aspecto molecular e possibilita mais eficácia na prevenção para este tipo de doença — explicou o ginecologista.
A pesquisa é orientada pelo professor Arnoldo da Rocha Façanha, coordenador do grupo de Bioenergética do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual e coordenador da Pós-Graduação do Centro de Biociência e Biotecnologia (PGBB/Uenf), e realizada em conjunto com a bióloga Juliana do Couto, pós-doutoranda em Biociências pela Uenf, com o aluno da FMC, Antônio Mateus Nunes, e com a universitária Heloysa Bouzada, aluna do curso de Biologia da Uenf.
— A análise é realizada no material obtido em biópsias. A técnica consiste em perceber a presença de algumas moléculas, bem como sua organização dentro da célula, por meio de reação de anticorpos específicos, gerando imunofluorescência — acrescentou Abdalla.
O trabalho foi apresentado na última sexta-feira (26) e o resultado da premiação saiu no sábado (27).
— O prêmio representou o reconhecimento dentro de um congresso estadual, com representantes de instituições universitárias importantes e de grande porte, como UFRJ, Uerj e UFF. O trabalho é original e inédito nesta área, descortinando um campo de pesquisa muito promissor. Se conseguirmos comprovar as pesquisas que estamos realizando, a tendência será estarmos aptos a identificar alterações com grande potencial de evolução para o câncer, antes mesmo de sermos capazes de identificá-las pelos exames usuais atualmente disponíveis. Isto tornará a prevenção do câncer ginecológico mais eficaz e segura — finalizou.
Folha 1
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