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Brasileira que vive na China diz que isolamento social contribuiu para redução de casos de coronavírus no país

Gabrielly Costa, de 23 anos, se mudou para a China em outubro do ano passado, dois meses antes do primeiro caso da doença ser registrado.
Foto: Gabrielly Costa/arquivo pessoal
Nascida em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, a professora de ballet Gabrielly Costa, de 23 anos, vive na China desde outubro do ano passado. Dois meses depois da chegada dela ao país, começaram a surgir os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus.

Gabrielly vive na província de Zhejiang, a cerca de 600 km de distância da cidade de Wuhan, onde foram registrados os primeiros casos da doença.

Ela contou ao G1 que o vírus chegou à província onde mora em janeiro e ainda não havia muita informação sobre a gravidade da doença e da velocidade que ela se propagava. Mas que as medidas de isolamento foram importantes para o controle dos casos.

“O governo aqui demorou um pouco a emitir um alerta pra nós e muitas pessoas foram contaminadas rapidamente [...] meu conselho pro Brasil é que sigam as medidas preventivas enquanto é tempo. Sei que as condições aí não são nada boas e se sobrecarregar o sistema de saúde vai acabar acontecendo como está acontecendo na Itália", alertou.

Atualmente, o número de propagação da doença reduziu bastante na China. O país chegou a ficar três dias sem registrar casos de transmissão local, mas casos de contaminação originadas no exterior continuaram sendo registrados. Neste domingo (22), o país voltou a registrar casos de transmissão local.

"Todo o comércio parou, todas as empresas pararam. Ninguém podia trabalhar, estudar e seguir suas atividades normalmente. As pessoas realmente levaram isso a sério aqui e mesmo assim a gente teve um número gigante de pessoas infectadas e mortas", disse Gabrielly.

Professora de ballet disse que foram implantadas cabines nas portas de prédios na China

Gabrielly contou que o governo passou a adotar medidas rígidas e isso fez com que os números caíssem consideravelmente.

“Foram instaladas cabines nas entradas dos prédios e guardas tinham controle de quem saía e quem entrava. Só podia sair de casa um dia sim e um dia não, uma pessoa por apartamento. Você assinava quando saía e quando voltava”, contou.

A professora de ballet disse ainda que as pessoas só conseguiam sair de casa se estivessem com máscaras e depois de ter a temperatura corporal verificada.

Outras medidas como a criação de um aplicativo que monitora os casos e os locais onde eles são registrados também foram adotadas.

“Assim, você sabia se na sua região tinha alguém infectado. Hoje você ainda tem que mostrar o aplicativo em todos os lugares que vai entrar. Faz umas três semanas que o comércio voltou a funcionar, mas ainda com o controle de entrada e saída de pessoas, controle de temperatura e apresentação desse aplicativo", disse a jovem.

Gabrielly destacou que mesmo nos períodos mais críticos os mercados não pararam de funcionar, mas adotaram medidas de restrição para evitar aglomerações.

“Você ainda não pode comer nos restaurantes, você pede e leva para casa. Nas farmácias também, você faz os pedidos e leva para casa. Não pode entrar para escolher, você já tem que saber o que vai comprar e chegar lá só para pegar e ir embora”, contou.

Mesmo com a redução dos casos, as escolas ainda não voltaram a funcionar. Trabalhadores também não puderam voltar às suas rotinas.

“Quem é estrangeiro e quem trabalha com contrato não está recebendo. É bem difícil ficar sem receber. Pra quem é freelancer também é super difícil”.

Brasileira que vive na China aconselha sobre medidas de prevenção contra o coronavírus

Para a friburguense, o que contribuiu para a redução dos casos foi a população ter seguido as orientações e acredita que se o brasileiro fizer o mesmo, a situação poderá ser contida no país o quanto antes.

"Não é fácil ficar de quarentena, é um momento que a gente sente muita coisa e com muita intensidade. Tem dia que a gente fica com muita raiva, ansiedade e tristeza. Mas vivam esses sentimentos porque eles vão passar. Não temos controle sobre tudo, mas a gente pode escolher como vai viver diante desse caos, disse a professora.





G1 Região Serrana.

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